Um vídeo compartilhado mais de 21 mil vezes no Facebook exalta o governo de Jair Bolsonaro por ter asfaltado um trecho da rodovia Transamazônica, a BR-230. O motorista filma a estrada e diz estar no Km 110. Essa parte da via, no entanto, não foi pavimentada no ano passado.
O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) informou que o quilômetro 110 da Transamazônica foi asfaltado "anos atrás". De acordo com o órgão, a última obra inaugurada na rodovia foi entre os km 0 e 12,1. Outro trecho de 13 km foi pavimentado em região próxima à tribo Parakanã, mas ainda não foi inaugurado.
O vídeo analisado pelo Estadão Verifica, que tem a marca do deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ), também engana ao contrapor partes diferentes da Transamazônica. O objetivo é fazer parecer que o governo Bolsonaro transformou o que as gestões anteriores não conseguiram.
Na primeira parte do vídeo, que tem legenda "Transamazônica nos governos do PT", é mostrado um trecho da rodovia conhecido como Ladeira da Onça, próxima ao município de Brasil Novo, no km 48. A filmagem foi feita em 2018, de acordo com reportagem veiculada no "Bom Dia Pará". O presidente na época era Michel Temer (MDB).
A Transamazônica já foi alvo de outros boatos online. Em julho do ano passado, o Estadão Verifica mostrou que, ao contrário do que afirmavam posts online, o governo não havia concluído as obras de pavimentação de toda a rodovia.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.